sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O tema VULNERABILIDADE é discutido em Brasília



Por que a vulnerabilidade é um conceito utilizado para orientar as atividades de prevenção?

A construção e aplicação do conceito de vulnerabilidade no campo da saúde são relativamente recentes e estão relacionadas ao esforço de superação das práticas preventivas apoiadas no conceito de risco.
O conceito de risco é um instrumento para quantificar as possibilidades de adoecimento de indivíduos ou populações, a partir da identificação de relações de causa-efeito entre determinados eventos ou condições de vida e a ocorrência de doenças (AYRES, 2002). Por exemplo: é possível calcular o número de fumantes que desenvolvem algum tipo de câncer e o número de não fumantes que tem os mesmos tipos de câncer. A comparação entre os resultados permite concluir que a pessoas que fumam tem mais chances de ter câncer.
Para fazer cálculos que mostrem relações de causa-efeito, os fenômenos são reduzidos a alguns de seus componentes que podem ser medidos isoladamente. Nesse sentido, para fazer cálculos de risco, o todo (ou conjunto da situação de vida) é decomposto em partes que possam ser analisadas de forma estatística. Voltando ao mesmo exemplo: há pessoas que fumam e não tem câncer, assim como há pessoas que não fumam e desenvolvem esta doença. Isso ocorre por que muitos outros fatores podem interferir e, portanto, essa relação de causa-efeito não pode ser estabelecida de forma simplista.
Hoje sabemos que nossa fragilidade - ou nossa capacidade de enfrentar os desafios - depende de um conjunto integrado de aspectos individuais, sociais e institucionais. Ayres (2005) define esta questão como vulnerabilidade que é analisada a partir desses três eixos interligados: vulnerabilidade pessoal, institucional e social.
No plano social, a vulnerabilidade está associada a comportamentos que criam a oportunidade de adoecer.
No plano social, a vulnerabilidade está relacionada a aspectos sociais, políticos e culturais combinadosn entre eles: acesso a informações, grau de escolaridade, disponibilidade de recursos materiais, poder de influenciar decisões políticas, possibilidade de enfrentar barreiras socioculturais, inclusive preconceittos, discriminações e desigualdades étnicas.
No plano institucional, a vulnerabilidade está associada à existência de políticas e ações desenvolvidas para enfrentar o problema. Pode ser avaliada a partir de aspectos como: compromisso das autoridades com o enfrentamento do problema, ações efetivamente propostas e implantadas; integração dos programas e ações desenvolvidos nos diferentes setores como saúde, educação, ação social, trabalho e etc.