quarta-feira, 16 de março de 2011

Debate no CRP: A prática do psicólogo na atividade física

GT de Psicologia do Esporte debate a prática do psicólogo na atividade física

O Grupo de Trabalho de Psicologia do Esporte do CRP-RJ realizou, no dia 13 de abril, seu ciclo de debates "Lance-Livre", com o evento Práticas do psicólogo no esporte e na atividade física.
Participaram da atividade as psicólogas Aparecida Carina Alves (CRP 05/31176), da Prefeitura de Duque de Caxias/Projeto Qualidade de Vida e Esporte para Pessoas com Deficiência; Patrícia Fátima Faustino (CRP 05/20958), da Vila Olímpica Mestre André; e Daniele Mariano Seda (CRP 05/37229), da Equipe Feminina de Basquete da Mangueira.
Patrícia começou falando sobre seu trabalho na Vila Olímpica. “Trabalhamos com uma equipe multidisciplinar, que inclui psicóloga, pedagoga e assistente social”, afirmou, destacando que os pontos principais desenvolvidos são: respeito, trabalho em equipe, comprometimento e inclusão.
Foto da palestrante Patrícia Fátima Faustino.
Patrícia Fátima Faustino destacou que os pontos principais desenvolvidos no seu trabalho são: respeito, trabalho em equipe, comprometimento e inclusão.
Foto da palestrante Daniele Mariano Seda.
Daniele Mariano Seda contou sobre seu trabalho no basquete, principalmente com relação a meninas de classes pobres.
Foto da palestrante Aparecida Carina Alves.
Aparecida Carina Alves ressaltou que, no trabalho com portadores de necessidades especiais, é preciso um acompanhamento psicológico com relação a como a pessoa lida com as mudanças na sua vida propiciadas pelo esporte.
A psicóloga explicou ainda que o trabalho consiste em formar uma rede de referência na comunidade. “Eu não podia fazer psicoterapia dentro da Vila Olímpica, mas precisava conversar com essas pessoas e fazer um acolhimento. Expliquei que isso já era um trabalho terapêutico e que eu precisava fazê-lo. Para desenvolver a disposição de uma criança em trabalhar em equipe, por exemplo, tenho que conhecer essa criança. O mesmo ocorre com os professores, nos quais também focamos nosso trabalho”.
Em seguida, Daniele contou sobre seu trabalho no basquete, principalmente com relação a meninas de classes pobres. “Há algumas peculiaridades com relação às comunidades mais pobres. Percebi que, na categoria infantil, a maioria das atletas vem de comunidades, mas, na juvenil, há muito poucas. O que acontece? Não pode ser só o talento que define isso”, afirmou. “Muitas meninas abandonam porque ficam grávidas, porque não têm dinheiro para ir ao treino ou porque têm que ajudar a família, trabalhando, cuidando de irmãos mais novos etc.”, explicou.
Segundo Daniele, também ocorrem questões que levam o trabalho do psicólogo do esporte para a clínica. “Muitas meninas não têm contato com o pai e a falta da figura paterna podia ser levada para a quadra. Por exemplo, algumas identificavam o técnico como um pai, e outras tinham problema em aceitar a autoridade masculina, como a do árbitro. Outras dificuldades eram de comunicação e de imaginação. Assim, é complicado separar o trabalho de Psicologia do esporte da clínica, pois não dá para separar o atleta do ser humano”.
Finalizando, Carina falou sobre o trabalho que desenvolveu com esporte na Associação Niteroiense de Deficientes Físicos (ANDEF) e que desenvolve na Prefeitura de Duque de Caxias. Ela ressaltou que, no trabalho com portadores de necessidades especiais, é preciso um acompanhamento psicológico com relação a como a pessoa lida com as mudanças na sua vida propiciadas pelo esporte.
“Num dia, a pessoa era vista como uma ‘pobre coitada’. No outro, é o herói da sua cidade, recebido pelo prefeito etc. Assim, a pressão para ganhar é muito grande. É preciso estar com o atleta antes e depois da competição, vendo como ele lida com o resultado”. A psicóloga chamou a atenção ainda para a possibilidade de inclusão social promovida pelo esporte. “É preciso pensar na acessibilidade não só arquitetônica, mas também com relação às atitudes e aceitação”, ressaltou.
Carina também destacou alguns desafios que o psicólogo enfrenta na área de esportes e atividades físicas. “É necessário que o psicólogo conheça a modalidade esportiva com a qual vai trabalhar, tanto com relação às regras e táticas quanto aos sentimentos que movem aquele esporte e as variáveis psicológicas. É preciso ainda criatividade para adaptar a Psicologia às necessidades do dia-a-dia, capacidade de observação e de comunicação e um grande controle emocional”, concluiu.
Após as palestras, foi aberto um debate com os presentes. Entre os principais pontos discutidos, esteve a importância do psicólogo não como “solucionador de problemas”, mas na promoção da qualidade de vida. Também foi questionado por que a Psicologia do esporte, apesar de existir no Brasil há mais de 50 anos, tem tão pouca visibilidade. “Onde estão os psicólogos do esporte. Por que eles não aparecem para debater sua prática?”, declarou um dos participantes.
Os encontros do GT de Psicologia do Esporte são quinzenais e possuem temas livres, sugeridos por psicólogos e estagiários que atuem na área. Os eventos contam com profissionais do esporte e da atividade física como convidados.
A próxima palestra será no dia 27 de abril, das 18h às 20h, com o tema A criança e o adolescente na prática da atividade física: peculiaridades na formação do atleta e do cidadão. Os convidados serão Simone Albuquerque Luz (CRP 05/36913), psicóloga esportiva/atendimento individual a atletas e equipes, e Elizabeth dos Santos Morais de Carvalho (CRP 05/19952), psicóloga integrante do Projeto de Educação Olímpica do C. R. Vasco da Gama.
Texto e fotos: Bárbara Skaba

Nenhum comentário:

Postar um comentário